domingo, 17 de janeiro de 2010

Entrevista revela bastidores da Conferência Geral



[Silver Spring, Maryland, EUA. 13 de janeiro de 2010] ... Aos 81 anos de idade, o veterano de Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pastor Bert Beach, fala da emoção de ter assistido 14 sessões. Ele relembra detalhes curiosos e afirma que as reuniões se tornaram mais profissionais com advento da tecnologia. A 59a. Assembléia Geral está marcada para 27 de junho a 4 de julho em Atlanta, na Geórgia, Estados Unidos.

A América do Sul terá expressiva representação de delegados que se apressam quanto aos preparativos da viagem. Na abertura dos trabalhos serão recebidas as novas Uniões recém criadas durante o quinquenio. Beach, ex-diretor do Departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa, tinha 17 anos quando serviu como office-boy em sua primeira assembleia, no ano de 1946, realizada num templo em Takoma Park, Maryland.

Naquela época havia cerca de 600.000 adventistas por todo o mundo. Em comparação, atualmente há mais de 16 milhões de membros e esta assembleia de Atlanta será realizada num estádio de futebol americano pela terceira vez consecutiva. Em conversa com Ansel Oliver, da Agência ANN, o pastor Bert Beach revela  mais detalhes, em entrevista para Rede Adventista de Notícias.

Rede Adventista de Notícias: Como o senhor vê a mudança em atmosfera desde que as Assembleias passaram a ser realizadas em ginásios de basquetebol, e agora estádios de futebol?

Bert Beach: A atmosfera é diferente agora no sentido de que há muito mais profissionalismo, pode-se dizer, a forma como as coisas são mais bem organizadas. Hoje é muito mais profissional com a televisão e produção. Deve ser porque é muito mais ampla e temos, logicamente, muito mais pessoas experientes quando se considera comunicação, por exemplo -- pessoas que realmente são profissionais, não pessoas que fazem as coisas por mera vocação após terem servido como um pastor ou ministro por muitos anos.

RAN: Como é servir numa comissão de nomeações [que nomeia candidatos para aprovação pela delegação]?

Beach: A atmosfera é muito profissional, muito criteriosa, as pessoas são basicamente amistosas. A tendência é não se fazer discursos muito fortes contra alguém. A tendência maior é de fazer discursos por uma pessoa se realmente se deseja promover um candidato.

RAN: Que outros papéis desempenhou em Assembleias da Associação Geral?

Beach: Começando em 1954 fui um delegado da Assembleia da Associação Geral e participei ativamente ... Realizei uma porção de traduções. Eu traduzia para as pessoas porque conhecia o italiano, alemão, inglês, francês e assim os delegados vinham sem saber inglês naqueles dias. Atualmente sabem mais inglês. ... Em assembleias posteriores fui o oficial da Associação Geral encarregado do protocolo para os visitantes de outras igrejas e do governo.

RAN: Que idade tinha quando foi colocado na Comissão Executiva?

Beach: Trinta e dois. Isso é relativamente jovem. Poderia haver algumas pessoas ainda mais jovens [mas] hoje em dia isso se tornou um pouco mais difícil porque restringiram o número de posições na Comissão Executiva.

RAN: Como a Assembleia mundial da IASD se compara com reuniões semelhantes de outras denominações?

Beach: É uma reunião muito grande em comparação com outras denominações. Primeiramente, a maioria das Igrejas pelo mundo não são igrejas de amplitude mundial. Obviamente a Igreja Católica-Romana é uma Igreja mundial, como também o Exército de Salvação, mas a maioria das Igrejas são Igrejas nacionais. Digamos que a Igreja Unida do Canadá, a Igreja da Inglaterra, a Convenção Batista do Sul, não são organizações mundiais no pleno sentido da palavra. Formam alianças com outras Igrejas de mesmas crenças.

RAN: Que pessoas ou discussões ao longo dos anos se destacam em sua mente?

Beach: Tivemos algumas pessoas bem notórias falando nas Assembleias da Associação Geral. Lembro-me do famoso tio Arthur [Maxwell], autor de livros infantis, que foi editor da revista "Signs of the Times", e era um orador muito bom. Ainda me recordo dele levantando-se na Assembleia da Associação Geral e estava se queixando de que havia demasiados oficiais participando de comissões o tempo todo e não suficientes demais pessoas -- pastores e departamentais, e assim por diante.

Ele disse, "E aqui temos uma secretária, e daí temos na comissão uma sub-secretária, e então temos um secretário-associado e então um tesoureiro e um subtesoureiro e tesoureiras assistentes", e assim por diante. Daí as pessoas começaram a rir na audiência. E, logicamente, tivemos as reuniões a respeito de ordenação de mulheres, que creio ter ocorrido em Utrecht [Holanda, em 1995]; duas assembleias realmente trataram disso. Ainda me lembro de longas filas de pessoas. Tinham que se enfileirar em dois microfones diferentes.

Um era para os que tinham anunciado que eram a favor e os que se postavam diante do outro microfone que haviam anunciado ser contra, assim podia haver um equilíbrio. O dirigente perguntava [a um delegado] de um microfone e então do outro. Não estou seguro se aqueles discursos foram de auxílio realmente, porque penso que a maioria das pessoas já tinha a decisão em suas mentes. As coisas são realmente debatidas no Concílio Anual e na reunião dos oficiais antes do Concílio Anual.

RAN: Qual realmente são os temas relevantes que têm lugar durante a Assembleia?

Beach: Muitos pensam em termos de eleições como a coisa importante. E isso é importante. Mas em algumas assembleias às vezes vem a Comissão de Constituição, que lida com algumas questões muito importantes. Daí o Manual da Igreja pode somente ser editado ou revisado, emendado durante uma Assembleia da Associação Geral. E as discussões sobre o Manual da Igreja tomam horas.

RAN: Algum incidente ao longo dos anos?

Beach: Recordo-me de um de nossos oradores, que era famoso, um dos grandes pregadores de nossa Igreja, que levantou a voz e, de algum modo, deve ter falado demasiado alto e subitamente sua voz se foi, e ele não conseguia mais falar. Parecia mais um sussurro. Ou, um sermão que se estendia infindavelmente e foi um problema porque no sábado à tarde a reunião devia começar às 2 horas e o sermão passou bem de 1 hora.

Logicamente as pessoas que estavam envolvidas ficaram contrariadas. Pequenos incidentes como esses ocorrem. Mas no geral, penso que as Assembleias da Associação Geral têm sido extremamente bem organizadas, a música tem sido excepcional e o espírito, falando-se em geral, é muito bom.

RAN: Estará indo para Atlanta?

Beach: Se for convidado. Não se pode ir para sempre, você sabe. Tem sido uma grande experiência ter sido um membro dessa Igreja, participar em concílios e discussões e comissões ao longo dos anos, e tenho grande confiança na liderança de nossa Igreja.

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